2008-03-30

Sarau familiar ou uma lição de vida

Num final de tarde de sol suave
Quente, impregnado de expectativas,
Debaixo do alpendre em sombra recolhida
Aguardamos a chegada da noite amena
Entre amigos, familiares e outros visitantes
Num ambiente informal e descontraído
Sarau de literatura e poesia se apresenta

Sentado na sua cadeira, uma figura
Perscruta as personagens presentes
No momento intervêm, com seu tema.
Por vezes sustém a respiração
Entre pausas, medita nas palavras
Avança de cabeça erguida e declama
Poema feito de metáforas surpreendentes

Elementos diferentes, justapostos
Imagens vivas, figuras sedutoras,
Formas psicadélicas, explosão de cores
Vidas sem rumo em suspensa agonia
Explorando, sentimentos, alegria e dor
Cruzando alegoria com objectividade
Fazendo imaginar o inimaginável,

Na vastidão do azul-marinho,
Sinergias em equilíbrio
Cavalgando na nuvem
Um cão acorrentado
Quarto vazio em escuridão
Grão de areia em areal
Predador da noite

Apesar das dores, que nos atormenta
Fugas histéricas, momentos paralisantes
Não passa de uma pequena história
Despojos do universo que nos rodeia
Há que usufruir o que de bom existe
A Vida é de mais preciosa e efémera
Como sobreviventes há lutar e vencer

2008-03-28

Pelo Campo

Inicio de tarde cheio de sol
Debaixo de frondosa arvore
Sentado em pedra já polida
Colocada em terra batida,

O homem sustém a respiração
E ouve o silêncio do campo
Quebrado pela brisa ligeira
As sonoridades das ervas e folhas

Como instrumentos exóticos,
Executando um bailado constante
Formando uma sensação harmoniosa
Fecha os olhos absorve com avidez

O respirar dos pássaros
O perfume inunda o espaço
Reflexos transformados diamantes
Sombras em formas bizarras

O ar que inebria os pensamentos
Como vinho do lagar purificado
Imóvel, naquela pedra fria
Adormece, medita ou sonha?

Levanta-se, esfrega os olhos e caminha
Abalança-se por zonas quase inacessíveis
Arquitectura sempre em construção
Elementos geométricos diferentes,

Harmonia e leveza se apoderam
Entre labirintos de sebes e ciprestes
Muros de xistos cobertas com vegetação
Fantásticas travessias fundem-se na paisagem

Surge o entardecer, regressa
Exercício físico e mental efectuado
Pensamentos, devaneios acumulados
Explosão num desejo de partilhar

2008-03-20

Desejos de fim de semana

Aproveite o fim de semana, … e vá
Caminhar na montanha
Cavalgar nas planícies,
Acariciar a neve
Escutar o silêncio
Sentir o vento
Cheirar os aromas da terra
Desbravar um rio
Deitar-se nas areias macias
Mergulhar em águas cálidas
Conviver com outros povos
Visitar nova cidade
Conhecer outras culturas
Partilhar com outras pessoas
Deixe as preocupações para trás
A escolha é sua ,… e vá
São os votos que desejo
Faça os possiveis para ser feliz,
BOA E SANTA PASCOA

2008-03-19

A viagem

Em dado momento da existência
É necessário parar e contemplar
Retemperar os sentimentos
Apreciar as coisas simples da vida
Reforçar os laços da amizade
Fortalecer a união e o amor
Sentir-se bem consigo e com os outros

Abandonar a monotonia
O lugar que diariamente nos rodeia
Prédios, amontoado de cimento
Trabalho, aglomerado de pessoas
Turbilhão de carros e autocarros
Engarrafamentos, Buzinas a tocar,
Gente apressada paciência esgotada

Viajar, partir, ausentar-se
Ir ao sabor da descoberta
Ao encontro da mãe natureza
Num ambiente de predilecção
Na verdadeira busca do intimo
Deixar o quotidiano, e afundar-se
Em momentos de puro prazer

Conjugação perfeita Terra e Mar
Espaços imensos por explorar
Respirar o ar puro dos campos
Sentir o cheiro da maresia
O balanço de folhagens e ervas
Ou o enrolar das ondas na praia
Vibrações sem parar

Deslizar na neve branca e gélida
Reconhecer o cheiro da terra húmida
Descobrir os aromas das plantas
Mergulhar no mar de águas trépidas
Repousar á sombra de árvore frondosa
Caminhar pela areia fina da praia
Galgar socalcos de pedra e rocha

Agitar todas as emoções corporais
Formas geométricas tridimensionais
Apreciar inúmeras imagens
Visualizar um punhado de cores
Num espectáculo de rara beleza
Embriagues num cocktail de estontear
Como um cardápio de luxo á disposição

Uma recordação, um desejo
Desfrutar momentos de encanto
Afastar fantasmas e demónios
Ideias moléstias e dores
Na essência do que nos rodeia
Quão o homem é minúsculo
Na complexidade do universo

2008-03-17

Política o que mudou em 140 anos

Recuando mais no tempo, (ou será que paramos nesse mesmo tempo). A evolução deste país é uma miragem, mudaram as pessoas e os modos, mais betão, estradas, comunicação, na política é que não.
A própria lei da natureza obriga a mudanças ao progresso, mas certas mentalidades continuam tacanhas e mesquinhas. A política necessita de gente dinâmica, honesta, descomprometida mas isso parece que é um Oásis difícil de alcançar.

1867 – Eça de Queiróz, vai para director do jornal “Distrito de Évora”, onde publicou algumas narrativas tais como O Réu Tadeu e Farsas.
Passas mais de 140 anos poderia publicar-se quase na íntegra.

“ ORDINÁRIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, politica de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e por corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?”

José Maria Eça de Queiróz nascido na Povoa do Varzim a 25 de Novembro de 1845 e vindo a falecer em Paris no dia 16 de Agosto de 1900.
Escritor, diplomata, jornalista um dos maiores romancistas de lingua portuguesa e do mundo

2008-03-14

Quisera entender

Quisera entender
Quanto o vazio é assustador
A vontade adormecida
A memoria esquecida
A ausência de um estimulo
O sentido bloqueado
A angustia da solidão
Quisera entender
O porquê da dor
A agonia que aperta e sufoca
o medo que se apodera
O desmoronar das ideias
Penosa melancolia
Perda da noção do tempo
Quisera entender
A barreira do silêncio
A palavra encravada
O nome que se esquece
O desespero que estrangula
Que obriga uma paragem
Num purgatório de tormentos
Quisera entender
Encontrar uma alternativa
Corpo e alma numa luta
Onde não parece haver limites
Na convicção que nada é impossível
Na descoberta de novos caminhos
Esvaziado a tormenta
Quisera entender
Da necessidade de partilhar
Como uns sobreviventes
Ocupar os pensamentos
Com o lado positivo da vida
Recusar as frustrações
Numa grandeza sem heroísmo
Quisera entender

2008-03-10

Politica o que mudou em 110 anos

Hoje e farto destas politicas e destes políticos que já não se encontra palavras para descrever o que se passa no Governo PS e mesmo no PSD onde também não se entendem.(Um ou outro venha o diabo e escolha).
Parece estarmos condenados, num país de grandes Homens, alguns grandes visionários pois verifica-se que ao longo dos anos, o que mudou (esquecendo o betão e a ordem natural das coisas) parece que nada. Mudam os tempos, mudam as moscas, mas a m…. é a mesma.

Aqui lembro o que foi escrito á mais de 110 anos por Guerra Junqueiro.

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista esonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacosde vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar dedentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capazde sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não selembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo,enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite dasua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, -reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, nãodescriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, semcarácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambamna vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda aveniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência aoroubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre aindiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeisno Limoeiro (...)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; estecriado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absolutopela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, peloprimeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara aoponto de fazer dela saca-rolhas; (…)

Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções,incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico epervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um aooutro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo,apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de nãocaberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"

Escrito "In Pátria" em 1896" por : Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850 – 1923) formado em direito, tendo sido Alto funcionário Administrativo, Deputado, Jornalista, Escritor e Poeta.

2008-03-08

Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da Mulher
Hoje 8 de Março, dedico este poema a todas as mulheres

Menina Mulher esposa mãe.
Mulher, estudante, trabalhadora
Gestora, medica, condutor,
Mulher frágil, heroína

A força que a mulher tem

Mulher arquitecta e faz história
Beleza interior, Formosura exterior
Labuta, conquista, distribui amor
Namorada, amante, companheira,

A elegância que a mulher tem

Protagonista de múltiplos desempenhos
Mulher no palco da vida é fundamental
Na sociedade não haverá descriminação
Homem, mulher têm direito á igualdade

Elas anda por aí
Uma flor, um carinho, muito amor

2008-03-01

Disse

Aqui venho desejar a todos os meus amigos um BOM FIM DE SEMANA, com saúde e boa disposição, aproveito para vos deixar um poema despreocupado. Entendem o que disse ou não disse,


Disse
Não disse
O que disse
Foi que disse
Que não queria dizer
O que disse
Não foi o que dizem
O que disse
Mesmo os que ouviram dizer
Não entenderam
o que disse Pois o que disse
Não era o que queria dizer
No sentido de contradizer
Que disse,
Pois direi
Não é maldizer
Dar o dito por não dito
Obviamente
Não entenderam
Será um estilo
Desencontros das palavras
Da autoria de quem disse
Maledicência, difamação
Perseguição politica
Obviamente
Manipulação das situações
A partir de uma analise
Não é correcto
Prenunciar-se
Fora do contexto
Obviamente
Procurando um resultado
Surgindo do nada
E nada do que disse
E o que disse
É nada